O cristão de qualidade é alguém como qualquer um de
nós. A diferença é que algumas pessoas são mais santas, mais
próximas de Deus. Há homens e mulheres que são uma bênção,
como Jesus foi a grande bênção de Deus para o mundo. Há
também pessoas que buscam viver o ideal de Cristo, a vida nova
do Senhor ressuscitado, com mais intensidade e conseguem
um brilho especial.
Tais pessoas amorosas e humildes, que parecem esquecerse de si mesmas
para preocupar-se com o outro, são amadas e
queridas por sua bondade. São alegres e sorriem a maior parte
do tempo. Às vezes choram, mas não perdem a serenidade, pois
têm a certeza de que tudo ficará bem, uma vez que Deus é seu
pastor (Sl 22), sua esperança. Não julgam, não falam mal dos
outros, não mentem, não se irritam facilmente. Possuem defeitos como todo mundo, mas o amor que carregam no coração
encobre tudo isso e muito mais. Essas pessoas são discípulas de
Cristo e buscam segui-lo cada uma a seu modo. Mesmo caindo
e levantando não desistem, não “entregam os pontos”.
Santo é gente decente, gente boa, que procura ser
competente no que faz e que o realiza com amor. É um
cristão de “elite”, um homem ou uma mulher que busca
ser diferente da maioria, ou seja, da turma do “mais ou
menos”. O cristão que pretende ser santo, apesar de ser
como qualquer um de nós, está mais próximo a Jesus, assemelha-se a Ele.
Dentro desse grupo de cristãos santos, no entanto,
existem subgrupos. Há cristãos iniciantes, outros que rezam
e lutam há mais tempo, e por isso têm mais prática na vida
espiritual, porém, ninguém poderá dizer que é perfeito e que
já chegou ao auge ao ponto de parar de evoluir. O processo
para alcançar uma vida cristã exige tempo para incorporar, aos
poucos, Cristo na vida de cada um.
Deus conhece e valoriza as lutas e a boa vontade de
todos. Ele vê o coração. A proposta para sermos santos,
cristãos de qualidade, cristãos de elite, partiu de Jesus:
“Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”
(Mt 5,48).
O cristão, o homem de Deus, é feliz mesmo em meio
aos problemas comuns da vida. Cultiva o bom humor quando
algo da errado, evita aborrecer os outros, é uma pessoa alegre,
caridosa, empenhada nas pastorais e na comunidade. Sua fé
lhe proporciona tudo isso. No entanto, ele não se conforma
com o mal, reage, toma atitude.
Na Bíblia, pessoas assim são chamadas de filhos de
Deus, justos ou santos, pessoas especiais para Deus e para
os homens.
Ser santo é a cada dia assemelhar-se mais a Cristo, é
procurar repetir hoje a experiência de vida e os atos de Jesus
na Palestina, é continuar a construção do seu reino em substituição
à violência, ao egoísmo, aos crimes e guerras e outras
realidades que fazem o homem sofrer. Aqueles que agem assim
são homens e mulheres que, “Escrevem o Evangelho com a
própria vida”, como disse certa vez a fundadora do movimento
dos Focolares, Chiara Lubich.
Cristo mostrou ao mundo a face de Deus, seu Pai, repleto de
misericórdia e compaixão pelos homens, assim como
Ele mesmo era pelos pobres e fracos. Jesus deixou o Espírito
Santo, seu espírito, conosco. Ser assim é ser santo, um santo
humano, que sentiu em si a fraqueza e, por isso, tem condições
de entender e perdoar.
Jesus foi plenamente homem, pois experimentou em si a
fraqueza, chorou e gritou a Deus diante da dor imensa. Viveu
o humano sem ceder ao pecado do qual o mundo está cheio.
Em se tratando da busca pela santidade realizada pelo
cristão – homens e mulheres discípulos de Jesus – não é
preciso ser menos humano para ser santo. Jesus foi humano.
Quando se diz que certa pessoa é humana significa que é boa,
compreende o irmão, porque é fraca como ele.
Assim como Jesus, também temos condições de mostrar
aos homens o rosto misericordioso de Deus refletido em nós.
“O mundo precisa de gente que reflete a luz de Deus e a irradia
sobre os outros”, disse o papa São Leão Magno.
Pe. Mário Bonatti
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