(Ef 5, 3)
“Fornicação e qualquer impureza... nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos”.
O apóstolo não condena somente a fornicação, mas qualquer impureza. Edições Theologica comenta: “Nos nossos dias são muitos os cristãos aos quais toca viver, tal como os da Ásia Menor, no meio de uma sociedade um tanto paganizada, inclinada a certas imoralidades (cfr Rm 1, 24-27). Entre elas não costuma faltar, como então, a fornicação e a impureza em geral (cfr Cl 3,5). Não obstante, a corrupção de costumes, por muito espalhada que esteja no ambiente, deve ser combatida com toda a energia, sobretudo com o exemplo da vida limpa, própria daqueles que aspiram à santidade, por serem templos do Espírito Santo (cfr l Cor 6,19) e membros de Cristo (cfr l Cor 6,15).
Por isso o Apóstolo adverte: ‘A fornicação e toda a impureza ou ambição, nem sejam sequer mencionadas entre vós’. A última parte da frase também se poderia traduzir: ‘nem se diga a respeito de vós’ ou seja, os cristãos hão de viver com tal esmero a castidade e as virtudes com ela relacionadas, que nem sequer devem dar a mais mínima ocasião aos estranhos para os acusar de impuros. Não obstante, a razão última pela qual há de viver a virtude da pureza não é o medo ao que dirão, mas o amor a Deus, que é nosso Pai, e o respeito pelo próprio corpo, que é a morada da Santíssima Trindade”.
O que é a masturbação? Por masturbação se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo.
A Santa Igreja nos orienta: “É finalidade de uma autêntica educação sexual favorecer um progresso contínuo no domínio dos impulsos; para se abrir, no tempo oportuno, a um amor verdadeiro e oblativo. Um problema particularmente complexo e delicado que se pode apresentar, é o da masturbação e das suas repercussões no crescimento integral da pessoa. A masturbação, conforme a doutrina católica constitui, uma grave desordem moral, principalmente porque é uso da faculdade sexual numa maneira que contradiz essencialmente a sua finalidade, não estando ao serviço do amor e da vida conforme o plano de Deus. Um educador e conselheiro perspicaz deve esforçar-se por individuar as causas do desvio, para ajudar o adolescente a superar a imaturidade que está por baixo deste hábito. Do ponto de vista educativo, é preciso lembrar que a masturbação e outras formas de auto-erotismo, são sintomas de problemas muito mais profundos, os quais provocam uma tensão sexual que o sujeito procura superar recorrendo a tal comportamento. Este fato exige também a necessidade de que a ação pedagógica seja orientada mais para as causas do que para a repressão direta do fenômeno. Mesmo tendo em consideração a gravidade objetiva da masturbação, use-se da cautela necessária na apreciação da responsabilidade subjetiva. Para ajudar o adolescente a sentir-se acolhido numa comunhão de caridade e arrancado da cela do próprio eu, o educador ‘deverá tirar todo o drama do fato da masturbação e não diminuir a sua estima e benevolência para com o sujeito’; deverá ajudá-lo a integrar-se socialmente, abrir-se e interessar-se pelos outros, para poder libertar-se desta forma de auto-erotismo, encaminhando-se para o amor oblativo, próprio de uma afetividade madura; ao mesmo tempo o estimulará a recorrer aos meios indicados pela ascese cristã, como sendo a oração e os sacramentos e a empenhar-se nas obras de justiça e de caridade” (Sagrada Congregação para a Educação Católica, Orientações educativas sobre o amor humano – linhas gerais para uma educação sexual, 98-100).
É hoje frequente pôr em dúvida ou negar explicitamente a doutrina de sempre do Magistério da Igreja, que considera a masturbação como grave desordem moral.
Apoiando-se na Psicologia ou na Sociologia, há quem procure demonstrar que se trata de fenômeno normal da evolução sexual, sobretudo na juventude, e que, portanto, se não pode dar falta real e grave senão na medida em que deliberadamente se procura o prazer.
Ainda que, em muitos casos, se apresente o apoio das estatísticas, não se pode esquecer que os inquéritos sociológicos não fazem mais que registrar fatos, e os fatos não podem constituir critério para julgar da moralidade dos atos humanos, pois esse critério está apenas na Lei moral objetiva.
O ensino da Igreja é claro: “Apesar de certos argumentos de ordem biológica ou filosófica, de que por vezes se têm servido os teólogos, tanto o Magistério da Igreja, de acordo com a tradição constante, como o senso moral dos fiéis, têm afirmado sem dúvida alguma que a masturbação é um ato intrínseco e gravemente desordenado. A razão principal é que o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz essencialmente a sua finalidade, seja qual for o motivo que o determine” (n. 9 da Declaração da Sagrada Congregação).
A masturbação é pecado mortal: “O homem, portanto, peca gravemente, não só quando as suas ações procedem do desprezo direto do amor de Deus e do próximo, mas também quando ele, consciente e livremente, faz a escolha de um objeto gravemente desordenado, seja qual for o motivo dessa sua eleição. Nessa escolha... está incluído pelo mandamento divino: o homem aparta-se de Deus e perde a caridade” (Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração sobre alguns pontos da ética sexual, 10). Basta uma masturbação para abrir as portas do inferno.
Francisco Sequeira escreve: “Os rapazes deparam, sobretudo, com os problemas da masturbação. Não é que as moças não o possam ter, e por isso, valem para elas, com as devidas adaptações, as ponderações que se façam aos rapazes.
O hábito da masturbação pode surgir antes da puberdade, mas torna-se mais frequente e mais difícil de combater a partir desta fase, em consequência dos apelos do corpo causados pelas mudanças hormonais que nele ocorrem, tanto nas glândulas sexuais como nas demais glândulas de secreção interna produtoras de hormônios(Notadamente a hipófise, alojada no cérebro, que é a que verdadeiramente comanda as demais glândulas endócrinas).
O pai deve abordar a questão com os filhos homens, e a conversa não será nenhum sofrimento se o pai, sem nenhum clima de suspeita, mas de aberta confiança, souber mostrar que apenas pretende prevenir o filho.
— Olhe, meu filho, Deus nos deu o órgão viril para que o homem se una no devido tempo àquela que tiver escolhido como esposa e gere filhos com ela. O casamento é uma coisa santa, a tal ponto que Deus fez dele um dos sete sacramentos, como você sabe. Da família depende o bem do homem e da mulher, o bem dos filhos e, em grande parte, o bem de toda a sociedade, isto é, de todas as instituições humanas. Ora um bem tão grande exige uma preparação que não se consegue apenas fazendo um curso de noivos três semanas antes. É uma preparação que reclama o amadurecimento da pessoa — físico, do caráter e espiritual —, e esse amadurecimento é lento e exige anos.
Quando você cultiva o sentido de responsabilidade nos estudos e no aproveitamento do tempo, quando vive a lealdade e o respeito à palavra, quando é generoso, está preparando-se para o casamento. Quando procura cumprir os seus deveres de cristão e chegar à amizade pessoal com Deus, está preparando-se para o casamento.
Ora, o mesmo acontece — nem mais, nem menos — com o aspecto sexual. Aqui também a preparação vem de longe, e por isso o sexo desperta muito antes que chegue o momento de casar. Você terá com frequência excitações sexuais, às vezes aborrecidas e implicantes. Isso é normal e não deve assustá-lo. O que você deve pensar é que é uma oportunidade que tem de aprender a dominar-se. É nisso que consiste a preparação sexual para o casamento. Não é simplesmente abster-se, é conservar todas as suas energias vitais para aquela que ainda não sabe quem é, mas que, se escolher bem, está já fazendo o mesmo para se entregar por inteiro a você, sem lhe reservar uns meros restos.
As coisas que valem a pena exigem treino e custam sacrifícios. Também lhe custa sacrifício estudar quando não tem vontade, treinar-se no basquete regularmente, mesmo quando está mal disposto, ou assumir valentemente a culpa de uma coisa errada que fez. Mas com esses sacrifícios você vai-se preparando para ser um bom profissional, um ótimo esportista e um homem com sentido de responsabilidade. Pois bem, não custa nem mais nem menos do que isso dominar o impulso sexual. É um treino formidável. Repare só em que consiste:
— Ter o tempo todo ocupado: não faltar às aulas, ter um horário mínimo de estudo diário, fazer um curso de línguas ou de violão etc.;
— Ter o tempo livre bem planejado: leitura — pedindo conselho antes —, esporte, passeios e excursões, programas de valorização cultural;
— Intensidade e seriedade em tudo o que faz: esforço de concentração mental e diligência no estudo, nos encargos materiais em casa, nas leituras. Não os ‘papos furados’ com os amigos sentados em cima do muro para ver a banda passar;
— O convívio com colegas e amigos que abram horizontes de entusiasmo pelo estudo e pela cultura, que sejam exemplo de virtudes humanas — delicadeza, sinceridade, força de vontade, ordem, companheirismo – e de virtude cristãs: limpeza de alma, rezar sem beatices, conhecer a vida de Cristo, frequentar os sacramentos, ação a serviço dos outros.
Não é verdade que a masturbação produza doenças físicas ou mentais. Esses perigos não são reais na quase totalidade dos casos. O maior estrago que a masturbação pode causar, é você se habituar a isso e depois ser incapaz de livrar-se. É daí que resultam esses jovens de pele murcha e ‘olhar de peixe morto’, que você já deve conhecer e que acabam sendo uns egoístas incapazes de amar de verdade”.
Meios para levar uma vida casta: “Na linha destes convites instantes, os fiéis, também hoje, e mesmo mais do que nunca, devem empregar os meios que a Igreja sempre recomendou para levar uma vida casta: a disciplina dos sentidos e da mente, a vigilância e a prudência para evitar as ocasiões de quedas, a guarda do pudor, a moderação nas diversões, as ocupações sãs, o recurso frequente à oração e aos sacramentos da penitência e da eucaristia. Os jovens, sobretudo, devem ter o cuidado de fomentar a sua devoção à Imaculada Mãe de Deus e propor-se como modelo a vida dos santos e daqueles outros fiéis cristãos, particularmente dos jovens, que se distinguiram na prática da virtude da castidade. Importa, em particular, que todos tenham um conceito elevado da virtude da castidade, da sua beleza e da sua força de irradiação. É uma virtude que enobrece o ser humano e que capacita para um amor verdadeiro, desinteressado, generoso e respeitoso para com os outros” (Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração sobre alguns pontos da ética sexual, 12).
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 26 de abril de 2008.
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