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domingo, 2 de outubro de 2011

CURSO DE MARIOLOGI







A BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA, MÃE DE DEUS, NO MISTÉRIO DE CRISTO E DA IGREJA
fraternidade combatentes na fé



                                                   I. PROÊMIO


         Querendo Deus, sumamente benigno e sábio, realizar a redenção do mundo, “quando chegou a plenitude dos tempos, mandou seu filho, nascido de mulher... para que recebêssemos a adoção dos filhos” (Gl 4,4-5). “O qual, por amor de nós homens e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria”. Este mistério divino da salvação nós é revelado e continuado na Igreja, que o Senhor constituiu como seu corpo, e na qual os fieis que aderem a Cristo, sua cabeça e estão em comunhão com todos os seus santos, devem também, e “em primeiro lugar, venerar a memória da gloriosa sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

A Virgem Maria e a Igreja

         A Virgem Maria, que na anunciação do anjo recebeu o Verbo de Deus no seu coração e no seu corpo, e deu a vida ao mundo, é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e Redentor. Remida de modo mais sublime e atenção aos méritos de seu Filho, e unida a ele por vinculo estreito e indissolúvel, foi enriquecida com a sublime prerrogativa e dignidade de Mãe de Deus Filho, e, portanto, filha predileta do Pai e sacrário do Espírito Santo; com este dom de graça sem igual, ultrapassa de longe todas as outras criaturas celestes e terrestres. Ao mesmo tempo encontra-se unida na estirpe de Adão com todos os homens que devem ser salvos; mais ainda, é “verdadeiramente mãe dos membros (de Cristo)... porque com o seu amor colaborou para que na Igreja nascessem os fieis, que são os membros daquela cabeça”. Por esta razão é também saudada como membro supereminente e absolutamente singular da igreja, e também como seu protótipo e modelo acabado da mesma, na fé e na caridade; e a Igreja católica, guiada pelo Espírito Santo, honra-a como mãe amantíssima, dedicando-lhe afeto de piedade filial.

Intenção do Concílio

          Por isso o sagrado Concílio, ao expor a doutrina da Igreja, na qual o divino Redentor opera a salvação, deseja esclarecer cuidadosamente quer a função da bem-aventurada Virgem no ministério do Verbo encarnado e do corpo místico, quer os deveres dos próprios homens remidos para com a Mãe de Deus, que é a Mãe de Cristo e dos homens, em especial dos fieis. Não é, no entanto, sua intenção propor a doutrina completa sobre Maria ou dirimir questões que a investigação dos teólogos ainda não conseguiu dilucidar plenamente. Mantêm-se, portanto, no seu direito as opiniões que são livremente propostas nas escolas católicas acerca que na santa Igreja ocupa o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós.




II. FUNÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM NA ECONOMIA DA SALVAÇÃO

A Mãe do Messias no Antigo Testamento
Os livros do Antigo e do Novo Testamento, e a tradição veneranda mostram, de modo que se vai tornando cada vez mais claro, a função da Mãe do Salvador na economia da salvação, e colocam-na, por assim dizer, diante dos nossos olhos. Os livros do Antigo Testamento descrevem a historia da salvação, que vai preparando, a passos lentos, a vinda de Cristo ao mundo. Estes primeiros documentos, tais como são lidos na Igreja e entendidos à luz da ulterior e plena revelação, iluminam pouco a pouco, sempre com maior clareza, a figura da mulher, a da Mãe do Redentor. Ela aparece, a esta luz, profeticamente esboçada na promessa da vitoria sobre a serpente, feita aos nossos primeiros pais já caídos no pecado (cf. Gn 3,15). Do mesmo modo, ela é a Virgem que há de conceber e dar à luz um Filho, cujo nome será Emanuel (cf. Is 7,14; Mq 5,2-3; MT 1,22-33). Ela sobressai entre os humildes e os pobres do Senhor, que confiadamente dele esperam e recebem a salvação. Enfim, com ela, filha excelsa de Sião, após a longa espera da promessa, cumprem-se os tempos e instaura-se a nova economia, quando o Filho de Deus assumiu dela a natureza humana, para, mediante os mistérios da sua carne, libertar o homem do pecado.
Maria na Anunciação
Quis, porém, o Pai das misericórdias que a encarnação fosse precedida da aceitação por parte da Mãe predestinada, afim de que, assim como uma mulher tinha contribuído para a morte, também uma mulher contribuísse para a vida. E isto se aplica de forma eminente à Mãe de Jesus, a qual deu ao mundo aquele que é a própria Vida que tudo renova, e foi enriquecida por Deus com dons convenientes a tão alto múnus. Portanto, admira que tenha sido corrente, entre os santos Padres, chamar à Mãe de Deus, toda santa e imune de qualquer mancha do pecado, como que plasmada pelo Espírito Santo e formada qual nova criatura. Adornada, desde o primeiro instante da sua conceição, com esplendores de santidade absolutamente singular, a Virgem de Nazaré, ouvindo a saudação do anjo mandado por Deus, que lhe chama “cheia de graça” (cf. Lc 1,28), responde ao mensageiro celeste: “Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Assim Maria, filha de Adão, consentindo na palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus, e abraçando com generosidade e sem pecado algum a vontade salvífica de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e obra de seu Filho, servindo ao mistério da redenção sob a sua dependência e com ele, pela graça de Deus onipotente. Com razão afirmam os santos padres que Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens e com fé livre e com inteira obediência. Como diz santo Irineu, “pela obediência, ela tornou-se causa de salvação para si mesma e para todo gênero humano”. E não poucos padres antigos, na sua pregação, comprazem-se em repetir: “O laço de desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva atou com sua incredulidade, a Virgem Maria desatou-o pela fé”. Comparando-a com Eva, chamam a Maria “Mãe dos viventes” e afirmam com freqüência: “ A morte veio por Eva, e a vida por Maria”.

Maria e a infância de Jesus.

Esta união da Mãe com o Filho, na obra da redenção, manifesta-se desde o momento em que Jesus Cristo é concebido virginalmente, até sua morte. Primeiramente, quando Maria se dirigiu pressurosa a visitar Isabel, e esta a proclamou bem-aventurada por ter acreditado na salvação prometida, estremecendo o percussor de alegria no seio de sua mãe (cf. Lc 1,41-45); e depois, no nascimento, quando a Mãe de Deus, cheia de alegria, mostrou-se aos pastores e aos magos o seu Filho primogênito, que não diminuiu, antes consagrou a sua integridade virginal. E também quando, ao apresentá-lo no templo ao Senhor, ofereceu o resgate dos pobres e ouviu Simeão profetizar que esse Filho havia de ser sinal de contradição e que uma espada transpassaria a alma da Mãe, para que revelassem os pensamentos de muitos corações (cf. Lc 2,34-35). Depois de ter pedido o Menino Jesus e o ter procurado com tanta dor, os pais o encontraram no templo, ocupado nas coisas de seu Pai, e não entenderam a resposta que lhes deu. A Mãe, porem, guardava no seu coração e meditava todas estas coisas (cf. Lc 2,41-51).




Maria e a vida pública de Jesus
Na vida pública de Jesus, a sua Mãe manifesta-se claramente logo no inicio, quando nas bodas de Cana da Galiléia, movida de misericórdia, conseguiu com sua intercessão que Jesus, o Messias, desse início aos seus sinais (cf. Jô 2,1-11). Durante a pregação de seu Filho, recolheu as palavras com que ele, exaltando o reino acima das razões e vínculos da carne e do sangue, proclamou bem-aventurados os que ouvem e observa a palavra de Deus (cf. Mc 3,35; Lc 11,27-28), como ela fazia fielmente (cf. Lc 2,19 e 51). Assim também a bem-aventurada Virgem avançou no caminho da fé, e conservou fielmente a união com seu Filho ate a cruz, junto da qual, por desígnio de Deus, se manteve de pé (cf. Jô 19,25); sofreu profundamente com o seu Unigênito e associou-se de coração maternal ao seu sacrifício, consentindo amorosamente na imolação da vitima que ela havia gerado; finalmente, do próprio Jesus Cristo, ao morrer na cruz, foi dada ao discípulo por Mãe com estas palavras: “Mulher, eis ai o teu filho” (cf. Jô 19,26-27).
Maria depois da ascensão
Foi vontade de Deus manifestar solenemente o sacramento da salvação humana, só depois de ter enviado o Espírito prometido por Cristo. Por ISS, vemos os apóstolos, antes do dia de Pentecostes, “unânimes, perseveraram na oração, com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus com os irmãos dele” (At 1,14), e vemos também Maria implorando com suas preces o dom do Espírito, que na anunciação, já a tinha coberto com sua sombra. Finalmente, a Virgem Imaculada, que fora preservada de toda mancha da culpa original, terminado o curso de sua vida terrena, foi levada à gloria celeste em corpo e alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do universo, para que se conformasse mais plenamente com o seu Filho, Senhor dos senhores (cf. AP 19,16) e vencedor do pecado e da morte.




III. A BEM-AVENTURADA VIRGEM E A IGREJA


Maria e Cristo único Mediador
É um só o nosso mediador, segundo as palavras do Apostolo: “Pois há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus, que se deu em resgate por todos” (1 Tm 2,5-6). A função maternal de Maria para com os homens, de nenhum modo obscurece ou diminui esta mediação única de Cristo, antes mostra qual é a sua eficácia. Na verdade, todo o influxo salutar da bem-aventurada Virgem em favor dos homens não é imposto por alguma necessidade, mas sim pelo beneplácito de Deus, e dimana da superabundância dos méritos de Cristo, funda-se na sua mediação, dela depende absolutamente e dela tira toda sua eficácia; e, longe de impedir, fomenta ainda mais o contato imediato dos fieis com Cristo.
Cooperação na redenção
A bem-aventurada Virgem, predestinada, desde toda a eternidade, junto com a encarnação do Verbo divino, para ser Mãe de Deus, foi na terra, por disposição da divina Providencia, a Mãe do Redentor divino, mais que ninguém sua companheira generosa e a humilde escrava do Senhor. Concebendo a Cristo, gerando-o, alimentando-o, apresentando-o no templo ao Pai, sofrendo com seu Filho que morria na cruz, ela cooperou de modo absolutamente singular, pela obediência, pela Fe, pela esperança e a caridade ardente, na obre do Salvador para restaurar a vida sobrenatural das lamas. Por tudo isto, ela é nossa mãe na ordem da graça.




Função salvífica subordinada
A maternidade de Maria, na economia da graça, perdura sem cessar, desde o consentimento que ela prestou fielmente na anunciação e manteve sem vacilar ao pé da cruz, até a consumação final de todos os eleitos. De fato, depois de elevada ao céu, ela não abandonou estão missão salutar, mas, pela sua múltipla intercessão, continuou a obter-nos os dons da salvação eterna. Com seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angustias, ate que sejam conduzidos à Pátria feliz. Por isso, a bem-aventurada Virgem é invocada, na Igreja, com os títulos de Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira. Mas isto deve entender-se de modo que nada tire nem acrescente à dignidade e à eficácia de Cristo, Mediador único.
Nenhuma criatura pode colocar-se no mesmo plano que o Verbo encarnado e Redentor; mas, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de modo diverso pelos ministros sagrados e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, única, se difunde realmente em modos diversos pelas suas criaturas, assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas uma cooperação múltipla, embora participada da fonte única.
A igreja não hesita em professar abertamente uma função subordinada em Maria; experimenta-a continuamente e recomenda-a ao amor dos fieis, para que, apoiados nesta proteção maternal, eles se unam mais intimamente ao Mediador e Salvador.
Maria Virgem e Mãe, modelo da Igreja
A bem-aventurada Virgem encontra-se também intimamente unida à Igreja, pelo dom e cargo de maternidade divina, que a une com seu Filho redentor, e ainda pelas suas graças e prerrogativas singulares; a Mãe de Deus é a figura da Igreja, como já ensinava santo Ambrosio, quer dizer, na ordem da Fe, da caridade e da perfeita união com Cristo. De fato, no ministério da Igreja, a qual também se chama com razão virgem e mãe, à bem-aventurada Virgem Maria pertence em primeiro lugar, por ser, de modo eminente e singular, exemplo de virgem e de mãe. Pois, pela sua Fe e obediência, gerou na terra o próprio Filho de Deus Pai: sem conhecer varão, mas pelo poder do Espírito Santo, com Fe não alterada por nenhuma duvida, acreditando, qual nova Eva, não na antiga serpente, mas no mensageiro divino. Deu à luz o Filho, a quem Deus constituiu primogênito entre muitos irmãos (cf. Rm 8,29), isto é, entre os fieis em cuja geração e formação ela coopera com amor de mãe.
A igreja Virgem e Mãe
A igreja, contemplando a santidade misteriosa de Maria, imitando sua caridade, e cumprindo fielmente a vontade do Pai, pela palavra de Deus fielmente recebida, torna-se também ela mãe, pois pela pregação e pelo batismo gera, para uma vida nova e imortal, os filhos concebidos do Espírito Santo e nascidos Deus. Ela é também a virgem, que guarda integra e pura a Fe jurada ao Esposo, e, à imitação da Mãe do seu Senhor, pela graça do Espírito Santo, conserva virginalmente integra a Fé, solida a esperança, sincera a caridade.
A virtude de Maria que a igreja deve imitar
Enquanto a Igreja já alcançou na bem-aventurada Virgem essa perfeição que faz que ela se apresente sem mancha nem ruga (cf. Ef 5,27), os fieis, porem, continuam ainda a esforçar-se por crescer na santidade, vencendo o pecado; por isso levantam os olhos pra Maria que refulge diante de toda a comunidade dos eleitos como modelo de virtudes. A Igreja, refletindo piedosamente sobre Maria e contemplando-a à luz do Verbo feito homem, penetra cheia de respeito, mais e mais no íntimo do altíssimo mistério da encarnação, e vai tomando cada vez mais a semelhança do seu Esposo. Com efeito, Maria, que entrou intimamente na historia da salvação, de certo modo reúne em si e reflete as maiores exigências da fé; quando é exaltada e honrada, ela atrai os crentes para seu Filho, para o sacrifício dele e para o amor do Pai. E a Igreja, por sua vez, empenhada como está na gloria de Cristo, torna-se mais semelhante ao seu modelo tão excelso, progredindo continuamente na fé, na esperança e na caridade, buscando e cumprindo em tudo a vontade de Deus. Com razão, a Igreja, também na sua atividade apostólica, olha para aquela que gerou a Cristo, concebido do Espírito Santo e nascido da Virgem precisamente para pode nascer e crescer, por meio da Igreja, também no coração dos fieis. A Virgem, durante toda a vida, foi modelo daquele amor materno de que devem estar animados todos aqueles que colaboram na missão apostólica da Igreja para redenção dos homens.




IV. O CULTO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM NA IGREJA
Natureza e fundamento do culto
Maria foi exaltada pela graça de Deus acima de todos os anjos e de todos os homens, logo abaixo de seu Filho, por ser Mãe Santíssima de Deus e, como tal, haver participado nos mistérios de Cristo: por isso, a Igreja a honra com culto especial. Na verdade, já desde os tempos mais antigos, a bem-aventurada Virgem é venerada com o titulo de “Mãe de Deus”, e os fieis sob sua proteção, recorrendo com súplicas, refugiam-se em todos os perigos e necessidades. Sobretudo a partir do Concílio de Éfeso, o culto prestado a Maria pelo povo de Deus cresceu admiravelmente, em veneração, amor, invocação e imitação, de acordo com as palavras proféticas da própria Virgem: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas o onipotente” (cf. Lc 1,48). Este culto, tal como existiu sempre na Igreja, é de todo singular, mas difere essencialmente do culto de adoração que é prestado ao Verbo encarnado e do mesmo modo ao Pai e ao Espírito Santo, e muito contribui para ele. Com efeito, as várias formas de devoção para com a Mãe de Deus, que a Igreja aprovou, dentro dos limites da doutrina sã e ortodoxa, segundo as circunstâncias de tempos e lugares, e atendendo a índole e ao modo de ser dos fieis, fazem com que, ao mesmo tempo que a Mãe é honrada, o Filho, “pelo qual existem todas as coisas” (cf. Cl 1,15-16) e no qual “aprouve ao eterno Pai que habitasse toda a plenitude” (cf. Cl 1,19) seja devidamente conhecido, amado e glorificado e sejam observados os seus mandamentos.

Normas pastorais

O sagrado Concílio ensina deliberadamente esta doutrina católica e ao mesmo tempo exorta todos os filhos da Igreja a promoverem dignamente o culto da Virgem Santíssima, de modo especial o culto litúrgico; a ter em grande estima as praticas e os exercícios de piedade em sua honra que o magistério da Igreja recomendou no decorrer dos séculos; e a observar religiosamente quanto foi estabelecido no passado acerca do culto das imagens de Cristo, da bem-aventurada Virgem e dos santos. Alem disso, exorta com todo o empenho os teólogos e os pregadores da palavra divina a que, ao considerarem a singular dignidade da Mãe de Deus, se abstenham com cuidado, tanto de qualquer falso exagero, como também de demasiada pequenez de espírito. Com o estuda da Sagrada Escritura, dos santos Padres, dos doutores, e das liturgias da Igreja, esclareçam com precisão, sob a orientação do magistério, as funções e os privilégios da bem-aventura Virgem, que sempre se refere a Cristo, origem de toda a verdade, santidade e devoção. Evite diligentemente tudo o que, por palavras e por obras, possa induzir em erros os irmãos separados ou quaisquer outras pessoas, quanto à verdadeira doutrina da Igreja. Por sua vez, recordem-se os fieis de que a verdadeira devoção não consiste em sentimentalismo estéril e passageiro, ou em vã credulidade, mas procede da fé verdadeira que nos leva a reconhecer a excelência da Mãe de Deus e nos incita ao amor filial para com a nossa Mãe, e à imitação das suas virtudes.





V. MARIA, SINAL DE ESPERANÇA CERTA E DE CONSOLAÇÃO PARA O POVO DE DEUS PEREGRINANTE.

Maria, sinal do povo de Deus
Do mesmo modo que a Mãe de Jesus, já glorificada no céu em corpo e alma, é imagem e primicia da Igreja, que há de atingir a sua perfeição no século futuro, assim também já agora na terra, enquanto não chega o dia do Senhor (cf. 2 Pd 3,10), ela brilha, como sinal de esperança segura e de consolação, aos olhos d povo de Deus peregrinante.
Maria interceda para a união dos cristãos
Muito se alegra e se consola este sagrado Concílio o saber que não se falta, mesmo entre os irmãos separados, que preste a honra devida à Mãe do Senhor e Salvador, de modo particular entre os orientais, que afluem com fervor e devoção a venerar a Mãe de Deus sempre Virgem. Todos os fieis dirijam suplicas insistentes à Mãe de Deus e Mãe dos homens, para que ela, que assistiu com suas orações aos alvores da Igreja, também agora, exaltada no céu acima de todos os anjos e bem-aventurados interceda junto de seu Filho, na comunhão de todos os santos, para que todas as famílias dos povos, quer se honrem do nome cristão quer desconheçam ainda seu Salvador, se reúnam felizmente, em paz e concórdia, no único povo de Deus, para a gloria da santíssima e indivisa Trindade.
Promulgação
Todo conjunto e cada um dos pontos que nesta Constituição dogmática se estabelecem, pareceram bem aos Padres do Concílio. E nós, pelo poder apostólico confiado por Cristo, juntamente com os veneráveis Padres, no Espírito Santo as aprovamos, decretamos e estabelecemos, e tudo o que assim conciliarmente foi estatuído, mandamos que, para gloria de Deus, seja promulgado.
Roma, junta de São Pedro, aos 21 de novembro de 1964.
Eu, PAULO, bispo da Igreja Católica.
(Seguem-se as assinaturas dos Padres Conciliares).





A MÃE DE DEUS NO CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II
O principal objetivo do papa João XXIII, ao convocar o Concílio Vaticano II, foi pastoral: pôr a Igreja em sintonia com o mundo de hoje. Do concílio resultam 16 documentos, entre os quais Lumen gentium² [ Luz dos povos], no qual esta contida a principal doutrina sobre a Mãe de Deus.
Vaticano é o nome de uma das sete colinas da cidade de Roma. Ali havia um cemitério onde foi sepultado são Pedro, martirizado no tempo do imperador Nero (54-68). Sobre sua sepultura ergue-se a esplêndida Basílica do Vaticano, onde se realizou o 21° Concílio Ecumênico Universal, o Vaticano II. Foi convocado pelo papa João XXIII (1958-1963) no dia 25 de janeiro de 1959 e concluído pelo seu sucessor, Paulo VI (1063-1978). A abertura do concilio ocorreu no dia 11 de outubro de 1962, e o encerramento foi em 8 de dezembro de 1965. Participaram 2 676 Bispos, além de peritos e convidados. Entre eles, havia também não-católicos.
João XXIII assinalou como objetivo do concilio uma finalidade pastoral de toda a Igreja em transição de uma época para outra, no mundo de hoje. Paulo VI explicitou esse objetivo geral em quatro objetivos específicos: a teologia sobre a Igreja, a renovação interior da Igreja, a promoção da unidade dos cristãos e o dialogo com o mundo contemporâneo.
Os 16 documentos resultantes foram agrupados da seguinte maneira: quatro constituições, assim chamadas por sua importância: nove decretos e três declarações. Dois deles receberam a qualificação de dogmáticos: o documentos sobre a Palavra de Deus (Dei verbum), e o documento sobre a Igreja (Lumen gentium). Eles não formularam novos dogmas, mas reafirmam os principais dogmas da nossa fé.
O concilio Vaticano II, fiel a impostação pastoral de João XXIII, exorta todos a se renovar num confronto sincero com o Evangelho á luz da fé e sob o impulso dos sinais dos tempos. Trinta e dois anos após o encerramento do concilio Vaticano II, convidando a Igreja para o ano 2000, escreveu sobre o Vaticano II: “Pode-se a afirmar que o Concílio Vaticano II Constitui um acontecimento providencial, através do qual a Igreja iniciou a preparação próxima para o jubileu do segundo milênio. Trata-se, realmente, de um concilio semelhante aos anteriores, e toda via tão diverso; um concilio concentrado sobre o mistério de Cristo e da sua Igreja e simultaneamente aberto ao mundo” (TMA, 18).
Durante o concilio, no dia 21 de novembro de 1964, o papa Paulo VI proclamou Maria Mãe da Igreja. O vaticano II é o concilio ecumênico universal que produziu o mais significativo e orgânico documento doutrinal sobre Nossa Senhora. Á Mãe de Deus é dedicado o capitulo oitavo da constituição dogmáticaLumen gentium. O que é afirmado ali sobre a Mãe de Deus?
A MÃE DE DEUS NA LUMEN GENTIUM
A Mãe de Deus é citada com freqüência nos 16 documentos do concilio Vaticano II, mas é principalmente na constituição sobre a Igreja, Lumen gentium, que o concilio nos deixou um documento sucinto e completo sobre ela. O oitavo e último capítulo, composto de 18 números é totalmente dedicado a Maria. O titulo do capitulo indica o conteúdo: A bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja. Assim, a maternidade divina aparece como o principio primeiro e fundamental de todo o mistério e missão de Maria na sua dupla relação com Cristo e com a Igreja.
Maria e Cristo – Os primeiros concílios ao proclamar a fé em Maria como Mãe de Deus, acentuavam mais aspectos biogenéticos e a sua dimensão sobrenatural de maternidade na virgindade. O vaticano II enriquece e amplia os dados tradicionais, mostrando como Nossa Senhora foi Mãe de maneira consciente e responsável, aceitando livremente a maternidade e acompanhando toda a vida do Filho, cooperando ativamente com ela na obra da redenção do mundo. Nossa Senhora vive a sua missão materna com espírito de serviço aos homens e também de Mãe espiritual de todos os homens.
Maria e a Igreja – Maria, mistério da sua maternidade divina, deve ser contemplada não só na sua relação com Cristo, mas também com a Igreja. Nessa linha, o concilio afirma que Maria, Mãe sempre virgem, é figura da Igreja. A Igreja, pelas águas do batismo, gera em nós o Cristo, graças á ação do Divino Espírito Santo.
Os primeiros concílios ecumênicos nos deram pontos-chaves sobre a maternidade divina. O Vaticano II, foram-se desenvolvendo as expressões, os conteúdos e as mais belas implicações daquela invocação com que povo cristão, já antes do primeiro concilio se dirigia à mãe de Jesus, chamando-a de Mãe Deus.
Após o documento do Vaticano II, Lumen gentiem, novos documentos sobre Nossa Senhora foram publicados pelos papas na perspectivas do que fora dito no concilio. Em 14 de maio de 1967 o papa Paulo VI publicou a exortação Signum magnum [Grande sinal], uma espécie de comentário pastoral à Lumen gentium, em que se destacam os aspectos de Maria como Mãe da Igreja e modelo de todas as virtudes. M 2 de fevereiro de 1974, o mesmo papa Paulo VI publicou outra exortação sobre o culto a Nossa Senhora, Marialis cultus³. Mais recentemente, em 25 de março de 1987, João Paulo II publicou a enciclia Redemptoris Mater [A Mãe do Redentor], eu pode ser considerada uma espécie de meditação do capitulo oitavo da Lumen gentium em chave bíblico-teológico-espiritual.
MARIA, MÃE DO ANTIGO DE DIAS E DO EMANUEL
O texto de Efrém Sírio O Antigo de Dias, é uma referencia ao ancião descrito pelo profeta Daniel (Dn 7,14). O Menino é uma referência ao Messias como esta na visão de Isaias (Is 9,5). Efrém identifica os dois, o Antigo de Dias e o Menino. Com o tempo, Antigo de Dias ou Ancião passou a significar Deus Pai. Deus Filho é o Menino nascido de Maria.
Efrém Sírio (306-373) era um diácono que vivia como monge na sua própria casa. Era poeta, compositor de hinos sacros e pregador. Tinha um coro de criança e de moça que cantava na catedral da sua cidade, Nísibe. Efrém escreveu coisas muito lindas sobre Nossa senhora. De um de seus hinos sobre o Natal foi tirada a seguinte passagem sobre Cristo, “O Antigo de Dias” e “O Emanuel”.
Quem jamais viu um Menino mais velho que a própria mãe? O Antiqüíssimo entrado nela, se tornou Menino. Saiu como recém-nascido e alimentou-se do seu leite. Entrado nela, tornou-se pequeno. Nasceu e cresceu graças a ela. Ò grande prodígio!
O Excelso, que é o Antigo Dias, habitou como Menino no seu útero. Sim, o Fogo habitou dentro de um seio de carne, fixou-se um inicio e foi concebido.
O ancião (Simeão) se inclina diante do Bebê e os anos dão testemunho do Bebê, como em verdade o Antigo de Dias ele é, e do qual Davi tinha testemunhado: “Tu, Menino, eras desde o principio”.
E aquele ancião sábio, carregando-o nos braços no templo, olhava o Menino e sabia que era o Antigo e como ao Antigo de Dias dirigia-lhe a suplica que o despedisse por misericórdia.
Ó Mestre da tua Mãe, ó Deus da tua Mãe, ó Senhor da tua Mãe, ó tu mais jovem e mais antigo que a tua Mãe, atenua o esplendor da tua majestade que me encantou; a tua grandeza comoveu todo o meu ser.
Os serafins, com o triságio, te exaltam, e como te cantarei canções de ninar, ó Senhor? Os querubins com temor te bendizem, e pelos hinos, pelos meus, serás, tu, honrado?
Os querubins de quádrupla face não são santos como és tu! Os serafins de seis asas não são mais decorosos que a tua beleza!
POR QUE CHAMAMOS A MÃE DE DEUS DE MÃE DE DEUS
O nome da rosa é Maria de Nazaré, Mãe de Jesus, que a nossa fé proclama como Mãe de Deus. A expressão não está na bíblia. Ela nasceu nos lábios da igreja dos primeiros séculos, rezada como uma prece, consagrada como um dogma, interpretando as palavras da Bíblia. A vocação e a missão de Maria como Mãe de Deus e nossa Mãe espiritual constituem o fundamento do culto e da devoção especiais que lhe prestamos.
Maria de Nazaré, Mãe de Deus
Existe uma afirmação da nossa fé que ouviada de repente, num contexto cultural estranho à fé, soaria como uma crença mitológica: “Uma mulher gerou Deus”.
- Qual o nome dessa deusa? – perguntariam os antigos gregos ou romanos. – Maria gerou Deus, mas sem ser nenhuma deusa – respondem os cristãos.
Nós cremos e dizemos que Maria é Theotókos, palavra grega que significaGeradora de Deus. Em latim dizemos Dei Gentrix e em português, Mãe de Deus.
O termo não existe na Biblia. No novo testamento, Maria é chamada Mãe de Jesus (cf. Mt 2,11.20; 13,55 – Lc 2,48.51 – Jo 2,1;6,42; 19,25-26) ou então, Mãe do meu Senhor (Lc 1,43).
A expressão Mãe de Deus apareceu na Igreja do Oriente. É nos escritos teológicos do bispo de Alexandria, Alexandre Alexandrino (ano 325), que nós a vemos pela primeira vez. São suas as seguintes palavras: “Nosso Senhor Jesus Cristo realmente, e não aparentemente, recebeu um corpo da Mãe de Deus (Theotókos), Maria”. Se o bispo assim escreveu, supõe-se que entre o povo já se falava assim. De fato, em 1917, encontrou-se nos areais do Egito um fragmento de papiro do século III. Nesse papiro, hoje na biblioteca de Manchester, está escrita a mais antiga oração que se conhece dirigida a Nossa Senhora. É a famosa oração Sub Tuum Praesidium [sob tua proteção], na qual a Mãe de Jesus é chamada, exatamente, de Mãe de Deus. Nesta primeira parte, apresentamos o histórico do titulo de Mãe de Deus. É o título maior de Maria de Nazaré. Dele decorrem a imensa confiança e devoção do povo fiel. Descrevemos como o tema foi discutido e definido nos primeiros grandes concílios da Igreja: Nicéia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia. Veremos também o que disse o Concílio Vaticano II (1962-1965), o mais recente deles.
A MÃE DE DEUS À LUZ DOS CONCÍLIOS
Podemos ir a muitas fontes para estudar o título de Mãe de Deus que nossa fé professa. Dentre elas encontram-se os primeiros concílios ecumênicos e o mais recente deles. Por que esses concílios são importantantes para se conhecer a Mãe de Deus? Na história da Igreja, chama-se concílio ecumênico a reunião de todos os bispos do mundo, convocada, presidida e aprovada pelo papa. Nos Concílos são tratados assuntos de capital importância, pois constituem marcos de referência da vida da Igreja. Tradicionalmente, contam-se 21 concílios ecumênicos desde o primeiro, em Nicéia (ano 325), até o Vaticano II (1962-1965).
Alguns concílios emanaram profissões de fé, também chamadas, símbolos da fé ou, ainda, credos. Como diz o Catecismo da Igreja Católica, as profissões de fé “recolhem o essencial da fé em resumos orgânicos e articulados” para se usar na ocasião do batismo e em outros momentos especiais. Dentre os concílios ecumênicos da Antiguidade, destacam-se pela autoridade doutrinária e importância histórica os quatro primeiros: Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451).
A Bíblia fala de Deus, do Pai, do Filho, de Jesus, do Espírito Santo. Como devemos entender a relação que existe entre esses nomes e a divindade? Se o verbo de Deus se fez carne com o nome de Jesus, como se relacionam em Jesus a divindade e a humanidade? Para essas perguntas, hoje a nossa fé tem respostas firmes e claras, e isso se deve aos quatro primeiros concílios. Daí a importância deles. Formularam os dogmas fundamentais do cristianismo, ditos trinitários e cristológicos, porque relativos ao Deus Uno e Trino, e á encarnação do Verbo.
Em nosso tempo, celebrou-se o concílio Vaticano II (1962-1965), que não formulou dogmas. Procurou atualizar a Igreja para o anúncio do Evangelho ao mundo atual. Nenhum desses concílios teve como tema principal a pessoa de Nossa Senhora, mas ela aparece em todos e, a luz deles, vamos refletir sobre o título Mãe de Deus, com o qual honramos Maria de Nazaré, Mãe de Jesus.
Olhar Maria nesses concílios é buscar a interpretação doutrinária oficial mais autorizada sobre o que dela diz a Bíblia. É venerá-la, e amá-la, é contemplar sua pessoa na moldura mais rica da nossa fé, a moldura da Trindade, de Cristo e da Igreja.
A Mãe de Deus no concílio de Nicéia
Nicéia era uma importante cidade do Império Romano na Ásia Menor, hoje Turquia. Foi lá que no ano de 325, se realizou o primeiro concílio ecumênico. Os cristãos haviam sido perseguidos pelo Império Romano até 313, quando o imperador Constantino conferiu-lhes liberdade de culto. Foi ele quem convocou e cedeu seu palácio imperial para a reunião dos bispos enviados pelo papa silvestre I. Não se sabe ao certo quantos eram, mas ficou conhecido como o Concílio dos 318 padres. Começou no dia 19 de junho e estima-se que tenham durado dois meses. Por que houve esse concílio?
Em Alexandria, Egito, havia um sacerdote teólogo, Ario (daí a palavraarianismo). Arianos eram os seguidores de ario. Ele negava a divindade de Jesus. Ensinava que o Logos, o filho de Deus, era a criatura, ainda que superior a todas as outras. O logos, segundo Ario, teria assumido um corpo humano, sem a alma.
Os conciliares, sob liderança do diácono Atanásio, depois patriarca de Alexandria, rejeitando o pensamento de Ario, proclamaram sua fé na divindade de Jesus. Adotaram um símbolo que existia na Igreja de Cesaréia e acrescentaram nele as palavras pelas quais afirmavam sua fé em Jesus: ”Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. A palavra-chave desse símbolo é consubstancial (do grego homoousios), que significa “identidade de substância entre o Pai e o Filho”.
Não se tratou de Nossa Senhora nesse concílio, nem de sua maternidade, e ela não aparece nas palavras do símbolo de Nicéia. Ario e os arianos não negavam que Jesus tinha nascido de Maria nem que ela o tinha concebido virginalmente. Até mesmo a usava a palavra Theotókos (Mãe de Deus), corrente entre o povo, porque não queriam conflito com a devoção dos fiéis. O próprio imperador Constantino, no discurso que fez no concílio, referiu-se a Nossa Senhora chamando-a de Mãe de Deus.
Indiretamente, o concílio de Nicéia, professando a divindade do Filho, a sua identidade de substância com o Pai, supunha e abria caminho para uma proclamação explícita, posterior, de Maria como Mãe de Deus, já que seu Filho Jesus era “consubstancial” ao Pai, era igual a ele em identidade de substância divina.
A MÃE DE DEUS NO CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA
Constantinopla, antiga Bizâncio e hoje Istambul, capital da Turquia, foi sede do segundo concílio ecumênico, que recebeu o nome de Constantinopolitano I, em 281. Convocado pelo imperador Teodósio I (379-395), não se desenrolou no palácio imperial. Presume-se que tenha sido na Igreja dos Santos Apóstolos. Teodósio não esteve presente nas sessões. Na ocasião, o papa era são Dâmaso (366-384). São Gregório Nazianzeno, bispo de Constantinopla e presidente do concílio foi grande figura do evento, mas ele se demitiu da sede episcopal no decorrer do mesmo concílio. Foi chamado o “Concílio dos 150 padres” por estimar-se ser este o número de participantes. Daí assuntos importante levaram á convocação do concílio: alguns pontos ainda pendentes sobre Cristo e a questão da origem e natureza do Espírito Santo, dado que Macedônio personagem influente em Constantinopla, e seus adeptos ensinavam que o Espírito Santo não era Deus como o Filho, mas uma espécie de ministro, de interprete, algo assim como um anjo. O concílio afirmou a fé na divindade do Espírito Santo. O documento mais importante do concilio foi a profissão de fé, o símbolo, conhecido como Símbolo Niceno-Contantinopolitano, uma espécie de desdobramento da fé professada no concilio de Nicéia, em 325.
O símbolo Niceno-Contantinopolitano “é o documento mais significativo e mais importante de toda a historia do cristianismo” (Alberigo). È um símbolo que recitamos até hoje em nossas missas. Acrescenta afirmações sobre Cristo e sobre divindade do Espírito Santo. A pessoa de Nossa Senhora não aparece como objeto das discussões do concilio, porém ela é nomeada no símbolo: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, que se encarnou no seio da Virgem Maria e se fez homem”. É o primeiro símbolo, a primeira formula de fé de valor dogmático universal, que contém uma referencia explicita a Maria no ministério da encarnação. A expressão Mãe de Deus não aparece, mas aa se acham todos os elementos da maternidade divina: a encarnação do Filho de Deus, Dês de Deus, tem um só principio composto de um elemento divino, que é o Espírito Santo, e de um elemento humano, que é Maria. A palavra Virgem sempre estará acompanhada o nome da mãe de Jesus. Ao lado de Nossa Senhora não é um adjetivo, é um substantivo: Maria, a Virgem (sempre Virgem Maria), mostrando, dessa forma, a iniciativa divina que, neste caso, prescinde da colaboração do homem.
A MÃE DE DEUS NO CONCÍLIO DE ÉFESO
Èfeso era uma cidade importante do império Romano, capital da província da Ásia. Ali, são Paulo viveu um tempo (cf. At 19). Fo ali onde aconteceu o terceiro concílio ecumênico, no ano 431.
Os concílios de Nicéia e Constantinopla haviam professado a fé na divindade do Filho e do Espírito Santo, afirmando a identidade de natureza entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Restava uma questão cristologica: como estão unidas em Cristo as duas naturezas, a divina e a humana? A essa pergunta responderam os Concílios de Éfeso e de Calcedônia (451).
No ano de 428 Nestório, monge e pregador tornou-se patriarca de Constantinopla. Para ele, a humanidade de Cristo era como um tempo no qual o Verbo de Deus habitava. Entre divindade e humanidade, em Cristo, havia uma união moral apenas. Como conseqüência, Maria não devia ser chamada Genitora de Deus (Theotókos), mas só Mãe do homem (Anthropotókos), ou, se quisessem, Mãe de Cristo (Christotókos). Essa doutrina começou a se espalhar, sobretudo entre os monges, e escandalizava muitos fieis. Armou-se um grande ele uma entre o povo e entre os mestres de teologia e os pastores da Igreja.
Então, o imperador Teodósio II (408-450) convocou um concilio em Éfeso, sendo papa, na época, Celestino (422-432). Os trabalhos conciliares se desenvolveram na basílica dedicada a Maria. A presidência foi exercida por três bispos, sendo Cirilo de Alexandria o expoente maior.
O concilio de Èfeso não elaborou nenhum símbolo de fé, mas usou o Símbolo de Nicéia como referência e afirmou como ponto de fé, a chamada Epístola Dogmática ou Segunda Carta de Cirilo de Alexandria a Nestório.
Na Espítola Dogmática estão as principais afirmações de fé de Efeso:
Em Cristo, há mais do que união de moral entre a divindade e a humanidade. Em Cristo há, sim, dus naturezas, a divina e a humana, mas há uma só pessoa, a pessoa divina do Verbo, do Filho de Deus, e se atribuem ao Filho tanto as ações divinas como as humanas.
É, portanto, legítimo e certo chamar a Maria de Genitora de Deus(Theotókos), Mãe de Deus. Maria não gerou a divindade. Maria gerou o Filho de Deus. A mãe não gera só uma natureza, gera pessoa e, no caso de Maria, a pessoa era Deus, o Verbo, o Filho de Deus.
Na afirmação de fé de Èfeso, Maria é explicitamente proclamada Mãe de Deus. A Epístola Dogmática, assinada por 197 membros conciliares, teve assinatura de Cirilo de Alexandria com a seguinte explicação: “Assinatura também do Arcebispo da Igreja de Roma, Celestino”.
Durante os dias do concilio, o povo acorria às igrejas e ouvia sermões sobre debates da aula conciliar. Na tarde da proclamação de Maria Mãe de Deus(Theotókos), o povo esperou os conciliares e os acompanhou até suas casas, aclamando-os com entusiasmo, em meio a um grande cortejo luminoso de tochas e velas.
A MÃE DE DEUS NO CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA
Calcedônia, cidade próxima a Constantinopla, foi a sede do quarto concilio ecumênico, realizado em 451. Nessa época, Eutíquio, abade de um monsteiro de Constantinopla, ensinava que a humanidade de Jesus, quando foi assumida pelo Verbo de Deus, ficou de tal modo absorvida pela natureza divina que já não houve mais duas naturezas em Jesus, mas uma só, a divina: “A divindade e a humanidade formam em Cristo uma só natureza, pelo fato de que a natureza divina absorveu em si a natureza humana, assim como o mar absorve uma gota d’agua”.Essa maneira de entender a união entre a divindade e a humanidade em Cristo chamou-se monofisismo (do grego: uma só natureza). Tal doutrina esvaziava o fundamento da encarnação e redenção.
O pedido do papa daquele tempo, Leão (440-461), o imperador do Oriente, Marciano (450-457), em conjunto com o imperador do Ocidente, Valentiniano III (424-455), convocaram o Concilio de Calcedônia, que começou em 23 de maio de 457. Calculou-se em 350 o numero de participantes e, pela primeira vez num concilio, houve participação mais efetiva do Ocidente. A presidência coube a uma comissão imperial composta de 19 membros.
A parte doutrinaria foi estabelecida a partir do que já havia afirmado nos concílios anteriores: Símbolo de Nicéia, Símbolo Niceno-Contantinopolitano,Epístola Dogmática de Èfeso. A esses documentos juntou-se uma carta que o papa Leão I havia escrito a Flaviano, patriarca de Constantinopla, chamada Carta Dogmática a Flaviano ou Tomo de Flaviano. Aprovou-se uma profissão de fé nas duas naturezas, a divina e a humana, numa só pessoa: a pessoa divina do Cristo.
Sobre Cristo: ”Ensinamos todos, unanimente, o único e o mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a sua completa divindade e completa humanidade, em duas naturezas, não confundidas nem transmutadas, não segregadas nem separadas, mas ambas reunidas numa só pessoa”.
Sobre Nossa Senhora: “(Nosso Senhor...) gerado pelo Pai antes dos seculos segundo a divindade, (gerado) nos últimos dias para nós e para nossa salvação por Maria, a Virgem, genitora de Deus (Theotókos), segundo a carne” (DS, 31).
O concilio de Èfeso (431) não trouxe á luz propriamente uma profissão de fé nova, e sim um esclarecimento maior sobre a união da divindade e da humanidade em Jesus. Deu um conteúdo mais preciso as palavras natureza, substância e pessoa; explicou o modo de união das duas naturezas sem mistura sem transformação de uma na outra, sem divisão sem separação.
No referente a Nossa Senhora, o símbolo de Calcedônia une, de modo admirável, três palavras que vão constituir como que a expressão melhor da nossa fé na mãe de Jesus. O nome dela, Maria, a sua missão, Mãe de Deus, o modo de sua maternidade, a Virgem (sempre)
A VIRGEM MARIA: AS RELIGIÕES E AS CONFISSÕES CRISTÃS
Os quatro primeiros concílios – Nicéia, Constantinopla, Èfeso e Calcedônia – têm grande importância na historia da Igreja porque foi por meio deles que se formularam as profissões de fé fundamentais do cristianismo, A fé trinitária em Deus Uno e Trino, a fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Do mesmo modo, o cristianismo fez a sua profissão de fé em Maria, Mãe de Jesus, como Mãe de Deus. Desses quatros concílios em diante não se colocaram mais dúvida nem apareceram doutrinas que negassem a maternidade divina entre os que cremos que Jesus é o Filho de Deus.
Mas os cristãos se dividiram. Poderíamos classificá-los em três grandes blocos: católicos, ortodoxos e evangélicos (protestante). Os ortodoxos se separaram nos tempos dos patriarcas de Constantinopla Fócio (810-897) e Miguel Cerulário (1000-1059).
A data que marcou a separação é 1054. Os evangélicos se separaram no século XVI e hoje existem sob dezenas de denominações. Por questão de praticidade, costuma-se classificar os evangélicos em dois grandes grupos: os históricos outradicionais (luteranos, calvinistas, anglicanos, presbiterianos, congregacionistas, metodistas, batistas) e os modernos, que começaram a surgir no inicio do século XX, adventistas, testemunhas de Jeová e os pentecostais, estes com muitas variações.
Os evangélicos modernos se distinguem dos históricos por sua maior radicalidade e uma maior independência com relação às tradições históricas do cristianismo.
No seio de todas as Igrejas cristãs percebe-se um anseio de união, em busca da unidade perdida. O apelo da prece de Jesus diz respeito a todos nós: “Para que todos seja um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti” (JO 17, 21). Essa Busca da unidade se faz mais premente na celebração dos dois mil anos do nascimento de Jesus.
A unidade desejada, buscada, rezada não deve ser entendida como puro sincretismo, ou seja, um anjuntamento de tudo o que cada um crê ou como crê, e sim que é preciso encontrar os pontos fundamentais em torno dos quais todos se unam numa mesma profissão de fé. As dificuldades não são poucas nem pequenas.
Nesse contexto, coloca-se a questão de Nossa Senhora como Mãe de Deus. Nós católicos, professamos a nossa fé na maternidade divina de Maria. E os ortodoxos? E os Evangélicos?
Há ainda uma segunda pergunta: o modo como a figura de Maria, em geral, é vista nas diferentes profissões cristas ajudam ou dificulta o movimente ecumênico?
No ultimo grande documento da Igreja sobre Maria a encíclica Redemptoris Mater [A Mãe do Redentor], escreve João Paulo II: “Os cristãos sabem que a unidade entre eles só poderá ser reencontrada verdadeiramente se estiver fundada sobre a unidade da sua fé. Eles devem resolver discordâncias não-leves de doutrina quanto ao mistério e ao ministério da Igreja e quanto à função de Maria na obra da salvação” (RM, 30)¹.
Os temas da Igreja e da pessoa de Nossa Senhora são os maiores obstáculos do movimento ecumênico na sua busca da unidade das Igrejas cristas numa só igreja.
Todos os cristãs (católicos, ortodoxos, evangélicos) cremos que Maria é Mãe de Deus, exceto algumas denominações ditas cristãs. Noutros aspectos, como o papel de Maria na obra da salvação e o culta a ela, as discordâncias entre os cristãos são mais profundas. Há, sobretudo com os evangélicos, uma distancia muito grande.
A maternidade divina e os ortodoxos
Em sua doutrina e em sua devoção, os ortodoxos consideram o titulo de Mãe de Deus como o primeiro e mais fundamental de todos os títulos atribuídos a Mãe de Jesus. Para os orientais em geral, incluindo os ortodoxos, a maternidade divina está indissoluvelmente unida à contemplação do mistério da encarnação do Filho de Deus. Há alguns ramos que não admitem o titulo de Mãe de Deus, como os nestorianos e monofisistas, pelas razões que já vimos.
A maternidade divina e os evangélicos históricos.
Eles crêem que a Mãe de Jesus é e deve ser chamada Mãe de Deus. Essa crença, como a dos católicos, está apoiada nas Sagradas Escrituras e nos dogmas da Igreja antiga. Pode ser que encontremos evangélicos que não achem muito simpático chamar Maria Mãe de Deus, embora acreditem na maternidade divina. Calvino acreditava na definição do Concilio de Éfeso, mas preferia chamá-la deMãe de Nosso Senhor em lugar de Mãe de Deus.
O teólogo alemão Martinho Lutero (1483-1546) desencadeou a reforma protestante em 1517. Em 1521 ele escreveu um belo livro sobre o Magnificat, no qual diz o seguinte sobre Maria: “Chamado (a Maria) Mãe de Deus, podemos compreender toda a honra que se lhe deve. Ninguém pode dizer a ela ou sobre ela um elogio maior, mesmo se tivesse tantas línguas quantas são as folhas e as ervas, as estrelas no céu e a areia no mar. Também o nosso coração deve meditar o que significa ser Mãe de Deus”. Lutero sempre acreditou na maternidade divina de Maria.
A maternidade divina e os evangélicos modernos
É difícil emitir um juízo sobre evangélicas no que diz respeito a sua fé na maternidade divina. À medida que eles crêem ou não em Jesus como Filho de Deus, Deus de Deus, estarão ou não inclinados a crer em Maria como Mãe de Deus.
Outros aspectos da figura e função de Maria e os evangélicos
A doutrina e o culto mariano em geral como é professado e vivido em nossa fé católica, junto com o tema da Igreja, constituem os obstáculos mais sérios dentro do movimento ecumênico. Mesmo os evangélicos que crêem na maternidade divina não aceitam todas as conseqüências que nós, católicos, expressamos em nossa doutrina e vivencia.
Existe uma oposição fundamental entre católicos e evangélicos no que diz respeito a Nossa Senhora. Oposição que tem diversas raízes: interpretações bíblicas, doutrinárias, disciplinares, históricas, culturais, vivenciam. Mas não faltam esforços de aproximação de ambos os lados: congressos marianos com a presença de evangélicos, encontros bíblicos e teológicos entre mestres católicos e de diversas confissões evangélicas.
Em nosso dialogo ecumênico, “sempre será necessário distinguir entre dialogo com os evangélicos e o dialogo com os orientais separados (ortodoxos), ainda mais quando se trata de Nosso Senhor. Há ainda um caminho imenso a percorrer, seja com os evangélicos, como com os ortodoxos” cf. R. Laurentin, in A questão marial). As dificuldades se concentram no que toca ao papel, á função da Mãe de Deus em toda a obra da salvação, e ao culto que a ela se deve prestar.
Devemos manter a confiança. A Mãe de Jesus, em torno da qual estava unida a Igreja no Cenáculo, hoje é aquela que brilha diante de todos os cristãos ainda peregrinantes, como sinal de esperança, como exemplo luminoso de peregrinação na fé (cf. RM, 30-31).
O QUE A IGREJA EXPLICA SOBRE A VENERAÇÃO E O CULTO À VIRGEM SANTISSIMA
O concilio Vaticano II afirma que a Igreja honra Nossa Senhora “com culto especial” (LG, 66) e Paulo VI, na exortação Marialis cultus, diz que esse culto ocupa “o lugar singular que lhe compete no culto cristão”, depois de ter dito também que o culto a Maria é expressão altíssima do culto cristão (MC int. e 15). Na conclusão, volta a dizer, de maneira enfática: “A piedade da Igreja para com a bem-aventurada Virgem Maria é elemento intrínseco do culto cristão” (MC, 56).
Antes da publicação da exortação. Paulo VI visitou, em 1970, o santuário mariano de Bonaria, quando disse em sua homilia: “Se queremos ser cristãos, devemos ser marianos, ou seja, devemos reconhecer a relação essencial, vital, providencial que une Maria a Jesus, e que abre para nos o caminho que conduz a ele” (AAS, 1970, pp. 300-301).
O culto especial que prestamos a Maria é uma decorrência do seu papel na redenção que Jesus nos trouxe: “A Santíssima Virgem (...) foi na terra, por disposição da divina Providencia, a Mãe do Redentor divino, mais que ninguém sua companheira generosa, e a humildade escrava do Senhor” (LG, 61).
Esse papel de Nossa Senhora está na Bíblia e depois foi sendo aprofundado através da historia, dos fundamentos doutrinários, das praticas devocionais do povo cristão. Paulo VI enumera, de forma resumida, esses fundamentos que justificam o culto especial a Maria: sua dignidade de Mãe de Deus, sua santidade imaculada e cheia de graça, sua participação na obra da nossa redenção, seu lugar na Igreja e na comunhão dos santos, sua intercessão junto a Deus por nos, sua plenitude de gloria no céu, o amor que Deus mostra por ela (MC, 56).
Nossa reflexão não se deterá em todos esses fundamentos, em todas essas “raízes profundas” que estão na base do culto mariano, mas, em razão do nosso objetivo, falaremos.
Diretamente desse culto. Comecemos fazendo uma distinção entre culto e devoção. Culto, define o grande doutor da Igreja, santo Tomás de Aquino, “é o ato ou os atos pelos quais expressamos o reconhecimento da nossa dependência (radical) de Deus e pelos quais elevamos a ele a nossa mente” (Summa contra gentiles, I.III.c.119). Culto, pois é o aspecto mais objetivo, diz respeito á natureza e qualidade da pessoa a quem cultuamos. Devoção: diz respeito a nós, é o nosso aspecto subjetivo, a nossa inclinação, o nosso amor, o nosso afeto, a nossa dedicação, o nosso carinho. A devoção a Nossa Senhora supõe, portanto, uma experiência pessoal, a de que Maria é minha mãe, minha intercessora. Uma experiência que me faz arder em amor e gratidão e que nasce da fé, dos fundamentos e raízes que estão na base do meu culto e da minha devoção.
Depois de explicar a experiência da Igreja como um todo através dos séculos, que leva a manifestar e incentivar a devoção a Maria, o papa João Paulo II, na encíclica Redemptoris Mates, desenvolve o tema da experiência pessoal do cristão: uma mãe pode ter vários filhos, mas ela mantém um relacionamento materno especifico com cada um deles. É mãe de todos, mas com uma característica especial com cada um dos filhos e vice-versa.
Dentro da grande devoção e amor da Igreja a Maria, cada um de nós tem a sua experiência de amor, pessoal, única, irrepetível para com Maria. Cada um de nós sabe como é amado por Maria e como ama a Maria. Dentro do caso universal da Igreja, cada um de nós tem a sua historia, o seu relacionamento particular com Maria (RM, 44-46).
Se lermos a historia de como se desenvolveram o culto e a devoção a Nossa Senhora, vamos perceber que no início do cristianismo Maria já era venerada pela Igreja oficial e pela piedade popular. Não, porem, isoladamente, mas no grande culto cristão centralizado na Páscoa do Senhor, a grande festa primitiva que se desdobrou, pouco a pouco, nas inúmeras celebrações e tempos litúrgicos que hoje conhecemos. Tem muita razão o papa João Paulo II quando, falando numa faculdade teológica de Roma dedicada a Nossa Senhora, lembrou que é sempre preciso “inserir a dimensão mariana na única espiritualidade cristã”. A espiritualidade cristã é
        Uma só, mas em todas as suas manifestações deve aparecer um colorido mariano. E, por sua vez, qualquer ato de culto ou devoção a Maria deve expressar-se no contexto global da fé cristã.
        Com o passar dos séculos, a figura de Maria foi-se destacando na fé e na devoção dos fieis que, hoje, volta-se para ela. Atualmente temos uma verdadeira ciência teológica, chamada mariologia, cujo objetivo principal de estudo é a Mãe do Senhor. Fruto desse desdobramento da Páscoa, a Igreja foi recolhendo e refletindo, em tratados e devoções separadas, tudo o que foi e continua sendo o culto a Maria. Daí verá a importância de Nossa Senhora.
         A Igreja respeita e estimula toda essa variedade de manifestações marianas, mas não quer que percamos a referencia dessa unidade e fundamento da fé: “... a Igreja a honra com culto especial (...) Este culto, tal como existiu sempre na Igreja, é de todo singular (...) ao honrarmos a Mãe, seja bem conhecido, amada e glorificada o Filho, e bem observado os mandamentos daquele pelo qual existem todas as coisas” (LG, 66).
         Por isso, a Igreja de hoje, a Igreja do Vaticano II, a Igreja de Paulo VI e de João Paulo II, a Igreja que hoje somos nós, nos ajuda a permanecer e crescer no culto especial a Nossa Senhora dentro das linhas básicas da fé. A Igreja nos oferece ricos princípios e orientações que nos dão muita segurança.
         O papa Paulo VI sintetiza esses princípios – que ele chama de notas – na exortação apostólica Marialis cultus. São sete: todo culto e devoção a Nossa Senhora devem decorrer e estar impregnados da dimensão trinitá.
FONT
http://combatentes.webnode.com.br/

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