jocris

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A MUSICA NA BÍBLIA



Como linguagem da comunicação, manifestação dos sentimentos
 e mais alta expressão da alma, a  música é tão antiga quanto
 a humanidade. Para alguns autores, é anterior à palavra e 
só pode ser de origem divina. Não há povo, desde a antiguidade, 
em que não se encontrem manifestações musicais, uma vez
 que o próprio homem é um ser musical. Seu instrumento primeiro
 e natural é a voz, que produz o som, acompanhada do
 ritmo, como, por exemplo, no gesto de bater as mãos... De 
modo que o culto pela música sempre acompanhou os povos
 desde os tempos mais antigos, através do som e do ritmo, 
os dois elementos fundamentais da música, evoluindo 
aos poucos para a fabricação de instrumentos e para  o canto,
 uníssono e coral.

O povo de Israel sempre usou o canto e a música nas festas
 e celebrações religiosas. A Bíblia faz centenas de referências
 à música e ao canto, presentes na vida e caminhada do povo
 desde sua origem — o Gênesis, que cita Jubal, o primeiro 
a tocar o kinnôr, espécie de harpa, até seu destino final 
glorioso narrado no Apocalipse, com o som de trombetas
 acompanhando o cântico novo dos redimidos pelo San-
gue do Cordeiro... Um canto para celebrar a ação salvífica
 de Deus em sua história; um canto como sinal e instrume-
nto do mistério; um canto para transmitir uma mensagem
 e solenizar as festas; um canto feito clamor jubiloso ou 
triste lamento, unido à poesia e à dança, em geral
 acompanhado por instrumentos diversos.

O Cântico de Moisés e Maria (Ex 15) é um dos mais 
antigos e importantes, composto para celebrar  a 
derrota dos egípcios e a intervenção de Deus na libertação
 do seu povo, quando da passagem do Mar Vermelho,
 acompanhado por danças e tímpanos. Até hoje faz parte 
da tradição litúrgica judaica, e os cristãos o entoamos  na Vigília 
Pascal. O Cântico dos Cânticos, atribuído a Salomão, e que,
 segundo a Bíblia Pastoral, deveria ser traduzido como
 “O cântico por excelência” ou “o mais belo cântico”, é uma
 coletânea de canções de amor; celebra 
o amor humano e divino, revelando a ternura de Deus pela
 humanidade, tornado visível em Jesus Cristo. O rei  Salomão
 dava muito destaque à música nas liturgias solenes do 
Templo de Jerusalém, empregando milhares de músicos, 
sobretudo  nas grandes festas, como a transferência  da Arca
 da Aliança para a cidade de Davi, acompanhada por grandes 
louvores e aclamações, danças e toque de instrumentos,  
conforme está descrito em 2Sm 6,5ss; 1Cor 15,16 e outros textos.


A época de maior desenvolvimento musical aconteceu nos
 reinados de Salomão e Davi que, apresentado a Saul como
 músico (1Sm 16,16) — ele próprio cantava, tocava e dançava
 diante da Arca (2Sm 6) —,  organizou os coros levíticos para o
 serviço litúrgico,  conforme 1Cr 23 e 25. Formou-se assim
 uma tradição musical, quando foram organizados e compilados
 os Salmos, com 150 poemas líricos que formam o coração
 do Antigo Testamento e são o lado orante da Bíblia. Constituem 
eles o Saltério,  a forma mais ampla, completa e bela da canção
 litúrgica judaica, abrangendo desde as exclamações de alegria
 e louvor ao pedido de socorro e prece suplicante, em geral
 acompanhados por instrumentos e dança. O povo judeu 
cantou sua religião, louvando 
o Senhor, suplicando sua ajuda, confiando em sua 
misericórdia, aclamando seu poder.

Os Salmos e Cânticos do Antigo Testamento foram
 compostos ao longo de milhares de anos, por isso mesmo, não
 sendo de nenhum tempo, dão certo para todos os tempos
 e espaços, 
cabendo em qualquer coração humano, conforme Carlos Mesters. 
Também Jesus, judeu plenamente, bebeu da fonte dos salmos e 
cânticos bíblicos, frequentando a sinagoga e o templo, participando 
das festas litúrgicas. Na última ceia, cantou com os discípulos os
 salmos e hinos do rito pascal. Ele próprio se tornou 
“o cantor admirável dos salmos”, no dizer de Santo 
Agostinho, e nele os salmos ganharam sentido pleno. Por isso
 mesmo, o Livro dos Salmos deve ser o grande referencial aos 
que se dedicam à música e ao canto litúrgico.


Concluindo este breve resumo, cito, de pleno acordo, as 
sábias palavras de Carmine Di Sante, em seu livro Liturgia
 Judaica – Fontes, estrutura, orações e festas, da Editora 
Paulus:  “O judaísmo não é o negativo sobre o qual se faz 
sobressair o positivo de Jesus e do cristianismo, mas é a
 “divina melodia”, cuja beleza nos dá a medida da grandeza
 e da originalidade de Jesus e da cristandade”.






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