jocris

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Por que ascendemos velas?





or que se acende uma vela a Deus ou a um santo? Para comprá-los a fim de alcançar uma graça? Ou para apaziguá-los a fim de ficarmos livres de um mal que nos atormenta ou de uma desgraça que nos ameaça? Nem um nem outro. O sentido da vela acesa é muito mais nobre e mais profundo.
SÍMBOLO DE CONSUMAÇÃO
Deus é nosso Criador e nós, suas criaturas; quer dizer que tudo o que somos e tudo o que temos nos foi dado de graça por Deus. Por conseguinte, seu poder sobre nós é absoluto e seus direitos ilimitados. Pode até exigir a nossa própria vida em sacrifício.
Os povos pagãos reconheciam esse direito a seus deuses. Por isso ofereciam-lhe sacrifícios humanos (crianças, geralmente, por causa de sua inocência), para acalmar a sua ira ou conseguir o que desejavam.
A Bíblia nos diz também que o Deus verdadeiro exigiu uma vez um sacrifício humano; pediu a Abraão que lhe sacrificasse seu filho único Isaac. Abraão obedeceu. Mas no instante em que segurava a faca para matar o filho em cima da fogueira, Deus enviou seu Anjo que reteve a mão do pai e substituiu o filho por um carneiro (Gn 22). Deus mostrava, assim, que os sacrifícios humanos não são agradáveis a seus olhos e que só quis pôr à prova a fidelidade e a obediência de seu servo.
Na história da humanidade houve um só sacrifício de seu próprio Filho feito homem, nosso Senhor Jesus Cristo, na cruz, para a salvação e a redenção do gênero humano. Esse sacrifício continua renovando-se misticamente, de modo incruento, onde houver um sacerdote e um altar.
Que relação pode haver entre um sacrifício e uma vela acesa? A vela acesa substitui diante de Deus a pessoa que a acende: Fica se consumindo, como se fosse um holocausto oferecido a Deus. O holocausto era, na Antiguidade e na lei mosaica, o sacrifício mais perfeito, porque por ele a vítima era oferecida a Deus e queimada por inteiro em reconhecimento a seu poder e direito absolutos sobre quem a oferecia. A vela acesa ê um holocausto em miniatura. A pessoa compra a vela que passa a lhe pertencer, a ser sua. Acende-a para ser consumida em seu lugar.
Uma vela acesa a Deus simboliza, portanto, a adoração e a entrega total de quem a acende ao Deus Todo Poderoso, Senhor e Criador de todos os seres. Uma vela acesa a um santo tem o mesmo simbolismo, só que este sacrifício é oferecido a Deus por intermédio deste ou daquele santo.
É claro que está longe de ter o mesmo valor do sacrifício eucarístico, cujo valor é infinito, visto que por ele é o próprio Homem-Deus que se oferece a seu Pai. Mas nem por isso deve ser desprezado ou abolido.
Deve-se, sim, evitar a má interpretação e o exagero, isto é, evitar dar-lhe maior valor do que ele tem. Vela acesa é, pois, símbolo de consumação.
SÍMBOLO DE CRISTO, LUZ DO MUNDO
A vela acesa tem também outro simbolismo. Irradiando luz iluminadora, simboliza Cristo «Luz do mundo», conforme ele próprio se qualificou. Por isso, nos ofícios litúrgicos, usam-se freqüentemente velas acesas, sobretudo durante a semana santa e o tempo pascal. Mas o dia da luz é o sábado santo, de noite, Vigília da Páscoa {os fiéis, aliás, chamam este dia de Sábado da Luz}. Nele, antes da divina liturgia, procede-se à bênção solene da luz: o sacerdote benze, atrás do altar, uma vela acesa e, depois, de frente para os fiéis, convida-os a acender dessa vela benta, suas velas, dizendo:
«A luz de Cristo ilumina a todos!... Bendito seja o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que ilumina e santifica nossas almas».
E com as velas acesas faz-se uma procissão dentro da igreja ao canto do Salmo 147.
No domingo da Páscoa, ao iniciar a cerimônia da entrada triunfal de Cristo que precede a liturgia da ressurreição, o sacerdote, segurando o círio pascal aceso, convida os presentes a acender dele os seus círios, dizendo: "Vinde, tomai luz da Luz sem ocaso e glorificai o Cristo que ressuscita dos mortos". E todos saem da igreja em procissão com velas acesas, para o anúncio da ressurreição de Cristo, pela leitura do evangelho próprio e o canto, várias vezes repetido, do hino da ressurreição:
«Cristo ressuscitou dos mortos;
venceu a morte a pela morte,
e aos que estão nos túmulos
Cristo deu a Vida».
Depois, o celebrante bate na porta fechada, exigindo sua abertura e entra primeiro, seguido dos fiéis, sempre com velas acesas, ao canto do Cânon da Ressurreição. É claro o simbolismo das velas acesas: Cristo ressuscitado, luz sem ocaso.
Esse simbolismo, encontramo-lo também no sacramento do batismo, chamado também sacramento da iluminação. Depois de batizar a criança, que passa, assim, das trevas do pecado para a luz da graça, o sacerdote manda, acender as velas que os presentes seguram na mão e proclama: «Bendito seja Deus que ilumina e santifica todo homem que vem a este mundo».
Em qualquer cerimônia litúrgica, em especial na "Divina Liturgia", acendem-se velas no altar para simbolizar de um lado a consumação da criatura diante do Criador, o sacrifício de Cristo em substituição à humanidade; e de outro lado, porque é Cristo que está se sacrificando, ele que é a «Luz do mundo».
A exemplo de seu fundador, que usou coisas materiais (pão, vinho, água, óleo) para significar coisas imateriais e até para transformá-las em seu corpo e sangue, a Igreja usa também o material para esse fim (velas, incenso, ícones, etc.); nossa natureza, que é um misto de matéria e de espírito, o requer. Não sendo o "homem nem anjo nem simples animal" só pode alcançar o espiritual e o sobrenatural por intermédio do sensível e do natural. Sejamos humildes e aceitemos nossa natureza como ela é.
FONTE:
Mons. Pedro Arbex -
Teologia Orante na Liturgia do Oriente
Ed. Ave Maria - Brasil - 1998



A vela tem um significado profundo e singelo ao mesmo tempo. Como só ilumina quando se consome, lembra nosso aniquilamento para ser luz do mundo: só poderemos fazer brilhar o Evangelho em nossas vidas se nos gastarmos por Cristo. Por isso, ela é usada em muitos atos litúrgicos e extra-litúrgicos.

Qual o sentido das velas do altar? Nós as acendemos durante a Missa para mostrar que somos como elas, que se consomem quando prestam seu serviço. Assim devemos ser nós: cumprir nossa missão (a da vela é iluminar e aquecer) e, para isso, nos gastar (para iluminar e aquecer, a vela vai se consumindo, se destruindo). Mais ainda, a consumação da vela representa a entrega de Cristo por nós, pois foi morrendo que nos deu a vida eterna. Ora, a Missa não é justamente a Cruz tornada presente? Nada mais coerente do que ter as velas se consumindo no altar como lembrança do sacrifício que se realiza, como sinal do que está acontecendo. O "sacrifício" da vela é um símbolo do sacrifício de Jesus que se imola por nós na Missa. E também um símbolo dos nossos sacrifícios, meritórios se unidos ao de Cristo. O mesmo pode ser dito da vela que se acende durante a Exposição do Santíssimo, uma vez que, embora não seja um sacrifício, continua a adoração que prestamos a Deus, iniciada na Missa: só há adoração a Cristo Eucarístico porque houve, em algum tempo, uma consagração mediante a qual se conseguiu o Corpo de Jesus a ser colocado no ostensório ou na âmbula. Essa prolongar da adoração, que une, misticamente, a Missa e a Exposição, é simbolizado pela vela. Outrossim, ainda no uso litúrgico, a vela pode significar a iluminação, como quando o fiel a recebe em seu Batismo. De fato, pelo Batismo somos iluminados pela graça. Deus, a Luz verdadeira, vem em nossa alma morar. Já a vela para devoção pessoal é uma faculdade, como toda oração privada, não oficial. Ainda assim, é sumamente recomendada que a usemos nas mais variadas situações - quer para simbolizar o sacrifício de Cristo, quer para significar a nossa consumação diante de Deus, quer, ainda, para representar a luz que de Deus procede (mesmo que mediante seus santos, e, sobretudo, a Santíssima Virgem). Podemos usá-la para o cumprimento de um voto feito a Deus ou aos santos. Mas o santo só intercede por nós mediante o voto? Mediante a vela? Claro que não! O santo intercede com ou sem voto a ele feito. O voto é mais uma demonstração de nosso afeto, de nossa devoção, do que um condicionamento para a ação do intercessor. Mais uma gratidão do que uma recompensa (até porque o santo já tem a maior de todas as recompensas: a visão beatífica). A finalidade da promessa (seja ela de acender uma vela ou qualquer outra) é a nossa devoção, não um aumento da eficácia do santo. Acender velas pelos mortos é um modo, outrossim, de, simbolicamente, desejar-lhes a luz, a Luz Eterna, que é Deus.Fonte: BRODBECK, Rafael Vitola. Apostolado Veritatis Splendor: LEITOR PERGUNTA SOBRE USO E SIGNIFICADO DAS VELASDisponível em http://www.veritatis.com.br/article/4517. Desde 05/01/2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...