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terça-feira, 24 de abril de 2012

Os anjos existem



Pela simples razão, independentemente da revelação, o homem pode chegar de algum modo ao conhecimento da existência dos anjos. Com efeito, a existência de seres puramente espirituais não repugna à razão. E um exame da criação, à mera luz do intelécto pode levar-nos à conclusão de que a existência de criaturas puramente espirituais convém à harmonia do Universo, pois assim estariam representados os três gêneros possíveis de seres: os puramente espirituais, acima do homem; outros, puramente materiais, abaixo do homem; por fim, seres compostos, dotados de matéria e espírito — os homens. E a crença comum dos povos, constante em todos os lugares e em todas as épocas, sempre afirmou a existência desses seres de natureza superior aos homens e inferior à divindade. Uma coisa, porém, é a mera possibilidade da existência de seres puramente espirituais, e outra é a sua realidade objetiva. A existência dos anjos (e dos demônios, anjos decaídos) seria para nós um problema insolúvel, não houvesse a tal respeito especial revelação divina por meio da Escritura e da Tradição,* que nos garantem a certeza da existência dos anjos. * Tradiçâo, em sentido amplo, é o conjunto de idéias, sentimentos e costumes, como também de fatos que, numa sociedade, se transmitem de maneira viva de geração geração. Em sentido estrito teológico, chama-se Tradição o conjunto de verdades reveladas que os ástolos receberam de Cristo ou do Espírito santo, e transmitiram, independentemente Sagradas Escrituras, à Igreja, que as conserva e transmite sem alteração. Essa revelação foi feita a nossos primeiros pais, e se conservou na Humanidade, por via de transmissão oral pelos Patriarcas. Com o tempo (e também por obra do demônio, sem dúvida), essa revelação primitiva foi-se corrompendo, restando dela meros vestígios no paganismo antigo e no atual. Nas brumas desse paganismo encontramos seres incorpóreos, ora malfazejos ora benignos, quase sempre cultuados como divindades ou quase-divindades. Para preservar o povo judeu da contaminação por essa deformação politeísta pagã, os Autores sagrados, durante largo período, evitaram mencionar nominalmente o espírito das trevas. E, pela mesma razão, não se encontram muitos pormenores no Antigo Testamento sobre a natureza dos anjos e dos demônios, embora sejam mencionados a cada passo. A revelação definitiva só se verifica Nosso Senhor Jesus Cristo. Porém, a Bíblia não traz toda a revelação sobre o mundo angélico, sendo necessário recorrer à Tradição, Esta, como se sabe, encontra-se recolhida nos documentos dos Santos Padres* e escritores eclesiásticos dos primeiros tempos, assim como nos documentos do Magistério - Papas e Concílio - na Liturgia e nos monumentos da Antiguidade cristã (catacumbas cemitérios, etc.). *Chamam-se Santos Padres ou Padres da Igreja certos escritores eclesiásticos antigos, que se distinguiram pela doutrina ortodoxa e santidade de vida e são reconhecido Igreja como testemunhas da tradição divina. A existência dos anjos é uma verdade de fé,* provada pela Escritura e pela Tradição. A Sagrada Escritura refere-se inúmeras vezes a seres racionais, inferiores a Deus e superiores aos homens; logo, segundo ela, esses seres, que nós denominamos anjos, existem. * Verdade de fé é aquela que se encontra na Revelação e é proposta pela Igreja aos fiéis como verdade que se deve crer. A negação pertinaz de uma verdade de fé constitui a heresia. Essa verdade foi definida solenemente como dogma pelo concílio IV de Latrão (1215): “Deus.., desde o princípio do tempo criou do nada duas espécies de seres — os espirituais e os corporais, isto é, os anjos e o mundo”. De forma igual se expressa o I Concílio do Vaticano (1870).
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